O COVARDE

O MUNDO NÃO SERÁ DESTRUÍDO PELOS MAUS, MAS POR AQUELES QUE VENDO O MAL SER PRATICADO, FICAM INDIFERENTES, NÃO REAGEM POR COVARDIA E MEDO DOS PODEROSOS. CALAR DIANTE DE UMA ILEGALIDADE OU DE UMA INJUSTIÇA É TÃO CRIME COMO PRATICÁ-LAS ( ERNEST EINSTEIN)

quarta-feira, 9 de maio de 2012

E NÓS NÃO DISSEMOS NADA

1-Um dia eles vieram e, sem  nos pedir licença, ergueram um parede de cimento e tijolos  junto de nosso muro, sem guardar nenhum  afastamento lateral, tirando o nosso direito de visão,  que conquistamos pela moradia contínua e ininterrupta neste lugar  por mais de cinco anos, alguns por mais de dez, outros mais de quinze, outros mais de  vinte ano.. E nós não dissemos nada;

2-No outro dia eles vieram e  construíram  toda área do terreno , destruindo toda a cobertura verde do terreno,  não reservando nenhum percentual livre , privando- nos de direitos que gozávamos há mais de cinco, dez, quinze e até vinte anos. E nós não dissemos nada

3- No outro dia eles vieram e  eliminaram o habitat de nossos passarinhos,  privando-nos de ouvir seus cantos em nossas janelas .  E nós não dissemos nada;

4- No outro dia eles vieram e começaram a  construir um prédio , onde antes existia uma casa térrea, retirando nosso direito de claridade privacidade, conquistado há vinte anos. E nós não dissemos nada;

5-  No outro dia eles colocaram seus empregados  para trabalhar todos os dias na obra, dias úteis e não úteis,  inclusive em horários inapropriados,  produzindo barulhos ensurdecedores, com uso de betoneiras, serras elétricas, caminhões amassadores de concreto, marteladas,  tirando-nos o direito de  sossego e de nossa paz  que gozávamos há mais de cinco, dez, quinze, e até mais de  vinte anos. E nós não dissemos nada;

6-no outro dia  eles passaram a  emporcalhar com pó de cimento e de serragem os nossos pátios e nossas casas, tirando o nosso direito de  limpeza, que gozávamos há mais de cinco, dez, quinze e até mais de  vinte anos . E nós não dissemos nada;

7- Assim, eles, dia a dia, nos foram subtraindo um a um  nossos direitos adquiridos.  E nós não  dissemos nada. 

8- Até que não tardará, chegará o   dia que  conhecedores de nossas fraquezas, de nossa falta de ânimo para lutar, de nossa falta de iniciativa,  de nosso medo, o mais fraco deles, invadirá nosso jardim, matará o nosso cão e arrancará de nossas gargantas a nossa voz. E nós não diremos nada, já que eles roubaram a voz de nossa garganta. . 
(  poema africano, declamado por Patrice Lumunba, primeiro ministro assassinado do Congo)    

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